segunda-feira, 8 de julho de 2013

RESISTÊNCIA À INSULINA


A resistência à insulina é um dos principais causadores de esteatose hepática nos individuos. Entendam o porque disso:

AÇÃO DA INSULINA
Todas as células do corpo humano possuem receptores de insulina na membrana. O receptor de insulina tem como estrutura duas subunidades alfa do lado de fora e duas subunidades beta do lado de dentro da célula. Quando a insulina se liga nas subunidades alfa, ocorre a junção das subunidades beta que consequentemente ativam uma enzima chamada tirosinoquinase que está localizada dentro do receptor. Tal enzima, ao ser ativada, começa a fosforilar a tirosina, que é um aminoácido existente tanto dentro de proteínas das células, quanto de proteínas do próprio receptor. Dentre essas proteínas que possuem a tirosina em sua composição, existem as IRS, as quais são as causadoras da ação da insulina. Existem vários tipo de IRS, a 1,2,3,4 e cada uma, ao ser ativada, atua em uma ação da insulina. De forma similar a outros fatores de crescimento, a insulina usa fosforilação e interações proteína-proteína como ferramentas essenciais para sua atuaçao. Tais interações são fundamentais para transmitir o sinal do receptor em direção ao efeito celular final, como por exemplo estimular a translocação de transportadores de glicose (GLUT4) do citoplasma para a membrana plasmática, ativação da síntese de glicogênio e de proteínas, formaçao de glicose e transcrição de genes específicos. Quase todas as funções da insulina são mediadas pela fosforilação das proteínas IRS.

RESISTÊNCIA À INSULINA
Existem dois tipos de gordura, as subcutâneas que são as gorduras localizadas nos membros, e a visceral que está presente na área abdominal. Essa gordura visceral é uma gordura hormonalmente ativa, ou seja, ela produz hormônio e várias substâncias inflamatórias como tnf-alfa, interleucina 6 e interleucina 2. Tais proteínas inflamatórias, ao se ligarem aos seus receptores de membrana, ativam enzimas como serinoquinases e trioninofosfatases, as quais vão fosforilar resíduos de serina e trionina que estão presentes em toda a célula, inclusive nos receptores de insulina. Quando há o caso de obesidade visceral ou uma alimentação rica em gordura, há um aumento da concentração dessas substâncias inflamatórias na corrente sanguinea, que consequentemente vão causar maior fosforilação de resíduos de aminoacidos inapropriados em vez dos resíduos de tirosina, ou seja, o receptor vai exercer sua função de forma inadequada deixando de estimular as IRS e começando a estimular estress oxidativo e morte celular. Além disso, as proteínas inflamatórias ativam a enzima tirosinofosfatase, a qual retira fósforos (desfosforilam) dos resíduos de tirosina, aquelas que deveriam estar fosforiladas. A resistência à insulina se resume ao mal funcionamento dos receptores, ou seja, quando eles começam a desfosforilar os resíduos que deveriam estar fosforilados, e a fosforilar os que deveriam estar desfosforilados, e isso aumentará a chegada de gordura no fígado e a sua produção, além de reduzir a metabolização da gordura e a exportação desta.

MAIOR CHEGADA DE GORDURA: O tecido adiposo está sempre em síntese e quebra de gordura (lipogênese e lipólise). A lipólise é feita por uma enzima chamada lipase hormônio sensível que é inibida com a ação da insulina. No entanto, nas pessoas que estão inflamadas como dito antes, estão com a ação da insulina bloqueada ou seja, a lipase hormônio sensível fica sempre ativada independente da ingestão de comida. Consequentemente, vai estar ocorrendo quebra de triglicerídeos (forma de estoque de gordura) descontroladamente e liberando ácidos graxos para o plasma sanguíneo, ou seja, aumentando a chegada de gordura no fígado.

MAIOR PRODUÇÃO DE GORDURA NO FÍGADO: no fígado existem várias enzimas que servem para produzir gordura, que teoricamente deveria ser para exportada para o resto do corpo. Entre elas há SREBP 1A e SREBP 1C, as quais não dependem da fosforilação da IRS para funcionar mas sim da própria insulina a qual está acumulada no sangue já que há uma resistência em seus receptores. A grande quantidade de insulina no sangue gerará uma maior ativação das SRBP 1A e 1C que consequentemente usará vários substratos energéticos abundantes no sangue como glicose e aminoácidos, para exercer a lipogênese no fígado.

MENOR METABOLIZACAO DE GORDURA: a lipólise no fígado depende de uma cadeia de enzimas diferentes que atuam em determinados ácidos graxos. Tais enzimas vão realizar a B-oxidação  que quebram esses ácidos graxos em acetil-coa, o qual é um substrato do ciclo de Krebs para a produção de ATP. Essas enzimas que realziam a B-oxidação sofrem de resistência à insulina, ou seja, dependem da fosforilação do IRS para funcionar, e com a inexistência suficiente dessa proteína, a B-oxidação não é realizada, diminuindo a produção de ATP e aumentando a concentração de ácidos graxos no fígado. 

METABOLISMO DO COLESTEROL: Tudo que comemos e que possui gordura vai ser empacotado em forma de quilomicrons para ser transportado ate o fígado. Este vai quebrar e reempacotar a gordura em moléculas de VLDL, ou seja, o fígado sintetiza o VLDL como uma molécula exportadora do excesso de gordura. Para a formação deste colesterol, o fígado vai utilizar proteínas como a apoB100 e a apoE. E no caso de resistência à insulina, como não haverá o IRS na quantidade adequada, o fígado não vai conseguir sintetizar a apoB100 corretamente, já que sua produção depende da ação da insulina intermediada por esta proteína. Já que não há forma de exportação de gordura, o fígado vai estocá-la, aumentando ainda mais a concentração de gordura hepática e consequentemente aumentando a chance da obtenção de esteatose.


post por BRUNA GARCIA

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